Visitar a Bodega Pizzorno é das experiências mais agradáveis que tive nas minhas andanças pelo mundo do vinho. Isso porque Carlos Pizzorno é um sujeito especial, faz das horas que passamos com ele um momento prazeroso e único.
Carlos Pizzorno e este blogger |
O proprietário da vinícola tem um trato simples e gentil que, segundo ele, fez com que ganhasse o apelido de Embaixador por alguns amigos brasileiros. De fato o apelido é merecido, com aquele largo sorriso e atento a cada detalhe de nossas perguntas e comentários, não deixa passar nada, ao ponto de mal termos descido do carro e já estarmos sendo recebidos pela sua simpatia.
Vinhedos da Bodega Pizzorno |
Logo nos levou aos seus vinhedos e pudemos constatar ali mesmo, em pouco mais de 20 minutos de conversa, aquela qualidade fundamental dos bons produtores: humildade! Vimos que apesar de todo conhecimento e da vinícola estar na terceira geração, há cem anos produzindo, desde 1910, Carlos reconhece que tem muito a aprender e que só se propôs a fazer vinhos de alta gama há pouco tempo. Eu posso dizer que ele aprende rápido!
Condução em lira
Nos vinhedos pudemos conhecer a condução em lira, semelhante a espaldeira, porém com o fato de ser uma espécie de V ao invés de ser apenas uma linha, a foto demonstra claramente. Importante ressaltar que apenas a parcela do vinhedo de menor rendimento utiliza desta forma de condução.
Soubemos também que apesar de todos os recursos e tecnologia existentes hoje em dia, na Pizzorno o momento da colheita é definido através da prova da uva.
Algumas dificuldades que os produtores brasileiros enfrentam aqui se repetem no Uruguai, a principal delas é a chuva, que começa muito cedo, é preciso ter sangue frio no mês de março. Aliás a colheita das brancas, usualmente ocorre no final de fevereiro e as tintas até meados de março.
Depois de pouco mais de 01 hora visitamos a cantina propriamente dita, os grande tanques de cimento revestidos de epóxi, os tanques de inox e a sala de barricas e uma agradável surpresa, além das tradicionais barricas francesas e americanas, a Pizzorno também utiliza barricas de carvalho com origem no leste europeu, o objetivo é proporcionar mais complexidade ao vinho.
Na mesa pudemos constatar isso em alguns vinhos. Provamos ao todo 08 vinhos, todos de boa qualidade mas vou comentar 04 deles, os que mais me encantaram. Já comentei por aqui o Don Próspero Sauvignon Blanc, nesta visita tive a oportunidade de experimentar o Don Próspero Sauvignon Blanc Reserva, que tem 30% do vinho estagiando em barricas francesas novas por 02 meses, o que acrescentou suave untuosidade ao vinho disfarçando aquela acidez mais rústica da Sauvignon Blanc, gerando um conjunto muito intenso e prazeroso.
Da mesma linha, Don Próspero, experimentei o Pinot Noir 2011, safra que vem comprovando sua qualidade na taça, boa tipicidade sem aquela fruta vermelha fresca exagerada dos Pinot's do Novo Mundo, notas de couro presentes, na boca corpo médio, boa acidez e persistência, uma ótima compra.
O Pizzorno Tannat Reserva 2008 foi o varietal de Tannat mais equilibrado que provei. Muita estrutura sim, mas amplo em boca com muita acidez, muito corpo, untuosidade e retrogosto persistente. Os aromas florais e característicos da Tannat bem marcados e não sendo encobertos pelas deliciosas notas de cacau e defumado das barricas americanas, estágio de 12 meses.
E por fim o Primo 2006, o vinho ícone da Pizzorno. Corte a base de Tannat com Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot. Muito complexo, digno de decanter, pelo menos 30 minutos, e para beber sem pressa. Só assim para acompanhar todos os nuances dessa maravilha!
Cor rubí violácea, chorão! Aromas de frutas negras e vermelhas maduras, nuances herbáceos, ervas e especiarias. Evoluindo para açúcar mascavo, cacau, bala toffe, couro e balsâmico. E eu tinha que ir embora... Na boca estrutura, taninos volumosos e maduros, acidez vibrante e aquela pegadinha alcoólica que me alegra e amacia o palato. Um vinho para grandes pratos, grandes amigos e grandes momentos!
Forte Abraço!
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