Entrevista Virtual: Mafalda Teixeira e a Quinta da Raza
Hoje começa mais um evento da Vinhos de Portugal, a Grande Degustação de Vinhos Portugueses Brasil 2013 e em virtude desse evento tive a oportunidade de enviar algumas perguntas a Mafalda Teixeira, produtora da Quinta da Raza, que fica na região dos Vinhos Verdes e deseja adentrar o mercado brasileiro. Apesar de virtual, eu afirmo que foi um "bate papo" bacana e informativo.
VV - Mafalda, conte-nos um pouco da história da Quinta da Raza?
A Quinta da Raza situa-se em Peneireiros, Celorico de Basto, Sub-Região de Basto (DOC), em plena Região dos Vinhos Verdes.
A sua história remonta a meados do século XVII, estando desde sempre na família Teixeira Coelho.
Esta exploração mereceu o prêmio de melhor Exploração Agrícola em 1999, atribuído pela Feira Internacional da Galiza. A Vinha da Raza, foi premiada no concurso da CVRVV “A Melhor Vinha” em 2002, 2003, 2007, 2009 e 2011.
Desde 1987, José Diogo Teixeira Coelho, desenvolve a sua atividade vitivinícola, tendo sido considerado, pela CVRVV (Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes), em 2008, o “Jovem Viticultor do Ano”.
Utilizando tecnologia avançada, preserva as tradicionais técnicas de produção de vinhos verdes, i.e. colheita manual das uvas e pisa das uvas tintas em lagares de pedra centenários dando primordial importância à preservação do ambiente.
Os vinhos produzidos exclusivamente com as uvas da Quinta têm sido premiados em concursos e revistas da especialidade.
A Vinha
Na Quinta da Raza somos privilegiados pelas belas paisagens, com uma flora e fauna bastante diversas e únicas. Queremos contribuir para a riqueza do nosso ambiente natural.
Todas as nossas práticas agrícolas tentam, na medida do possível, ter uma visão holística do nosso meio ambiente. Assim sendo, orientamos a nossa viticultura e vinificação para manter e promover a diversidade de flora e fauna ao nosso redor. Somos uma empresa certificada e praticamos a produção integrada, um código de conduta da UE estabelecido pelo IPP (Política Integrada do Produto).
http://ec.europa.eu/environment/ipp/
http://europa.eu/legislation_summaries/consumers/consumer_safety/l28011_en.htm
O nosso Peneireiro (pequeno falcão)
Um dos eventos mais emocionantes ao passear pelas nossas vinhas é contemplar um pequeno falcão raro que se chama Peneireiro (Falco naumanni) pairando sobre as vinhas e de repente voando baixo para apanhar a sua presa. Para nós, é um indicador de que há um equilíbrio saudável na natureza que nos rodeia.
É por isso que usamos o Peneireiro como o nosso logotipo.
A nossa Equipa
Valorizamos a nossa comunidade local. O Diogo nasceu e foi criado aqui e todos os nossos colaboradores pertencem à localidade. O nosso ethos garante que eles são todos membros integrantes da equipa, entendem e partilham a filosofia da Quinta da Raza que, simplesmente diz: precisamos todos de contribuir positivamente para o desenvolvimento consistente e para a atmosfera jovial da nossa empresa.
Além disso, nós praticamos uma política de uma adega de portas abertas, onde as pessoas podem vir, provar o vinho e ver o que fazemos.
VV- Com que cepas trabalham?
Trabalhamos com as uvas tradicionais e autóctones da Região dos Vinhos Verdes: Alvarinho, Arinto, Azal, Trajadura, Avesso, Padeiro e Vinhão
VV – Fale-nos também um pouco da Sub-Região de Basto, o que a diferencia das demais regiões do Vinho Verde?
Celorico de Basto, perto da Região do Douro, apresenta um microclima influenciado pelo Rio Tâmega e pela Serra do Marão que interceptam os ventos Atlânticos.
Com encostas suaves, exposição solar magnífica, altitude de 250 metros, terrenos de origem granítica, com áreas argilo-xistosas, pouco comuns na Região dos Vinhos Verdes, a Quinta da Raza apresenta um terroir único, realçando-se a cultura da vinha pela qualidade de uvas produzidas, desde o Azal, Arinto, Vinhão ao Alvarinho
VV – Como foi à safra 2012? E como está o ano de 2013 em Basto?
A safra de 2012 não foi abundante em quantidade mas foi de excelente qualidade, vinhos frescos com acidez equilibrada.
O ano de 2013 apresenta uma boa nascença mas ainda é cedo para falar sobre a qualidade e quantidade das uvas.
VV – Mudando um pouco o foco da nossa conversa para Mercado. Quais os projetos da Quinta da Raza para o Mercado Internacional? Para quantos países exportam?
Atualmente, exportamos para 12 Países. Os principais mercados internacionais da Quinta da Raza são: Alemanha, Reino Unido, Holanda e EUA. Pretendemos expandir a empresa e incluir o mercado do Brasil.
VV – Até que ponto a crise econômica que a Europa vive influencia nos projetos para o Mercado Internacional?
A crise econômica Europeia tem impulsionado as exportações da nossa empresa para países extra-comunitários.
VV – Mais especificamente por que estar presente no Mercado Brasileiro?
O mercado brasileiro é um mercado bastante promissor para o consumo de vinho verde. As proximidades culturais, o clima excelente e a gastronomia brasileira proporcionam uma grande oportunidade para o aumento do consumo do vinho verde.
VV– Misturando um pouco dos dois assuntos que tratamos até agora, de uma maneira geral o consumidor brasileiro é jovem no mundo do vinho, temos muito a aprender e conhecer, considerando esse nosso perfil o que é mais atraente no Vinho Verde? E nos vossos vinhos?
O vinho verde é um vinho leve, fresco, com pouco teor alcoólico, perfeito para quem não está habituado a beber vinho. O nosso vinho é um vinho fácil de beber e descomplicado, sendo ideal para iniciar o hábito de beber vinho.
VV – Algumas curiosidades, procurando despertar seu lado enófilo, você conhece os vinhos e espumantes brasileiros? Se sim, qual? Foi uma experiência agradável?
Infelizmente não, mas terei oportunidade de provar quando visitar o Brasil.
VV – Por fim, sua adega particular deve ser repleta de vinhos da Quinta da Raza, mas acredito que com todas as feiras e viagens que fazem, surgem muitas oportunidades de experimentar vinhos de todo o mundo. Algum vinho marcante? E nessa adega tem alguma região fora de Portugal que detém um espaço especial?
Nós apreciamos bastante os Riesling da Alemanha e os Sauvignon Blanc da Nova Zelândia.
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