Há um bom tempo adquirí este Almaviva e decidí aguardar até que ocorresse um sucesso profissional na minha carreira para abrí-lo e comemorar... Demorou um pouco mas ocorreu, em janeiro deste ano.
Confesso que olhei algumas vezes para a minha adega imaginado se ela não ficaría mais pobre ou deprimida com a retirada de um grande vinho, confesso que olhei para a garrafa e por mais de uma vez procurando uma desculpa para não abrí-la, enfim, confesso que não encontrei tal desculpa.
Lembrei que os vinhos são feitos para comemorar, festejar e que promessa é promessa e eu tinha de cumprir a minha. Achei, porém, que não devía beber o vinho sozinho, afinal o que é da vida sem a família, sem os amigos? Bom... convidei o
Alexandre e o
Daniel para bebermos e festejarmos.
Com o passar do tempo a melancolia, em que eu mergulhei quando decidí abrir o vinho passou e a expectativa emergiu com força, rompendo qualquer barreira...
Enfim chegou o dia, uma quinta-feira, uma noite agardável de temperatura amena e chuva fina. Decidímos confiar o serviço do vinho a
Enoteca e Restaurante Olivetto mais precisamente ao excelente Sommelier Diego Arrebola.
Chegamos por volta das 19:30hs e entreguei meu "filhote" ao Diego que prontamente nos recebeu de forma cortês e agradável. Nos sentamos numa mesa ao fundo do restaurante e começamos com um Proseco afim de limpar o palato.
Acordamos por um primeiro vinho, antes do Almaviva, para aquecermos as turbinas e relaxar. Provamos um jovem tinto italiano do Etna, brilhantemente harmonizado com o primeiro prato e que prometo comentar em outro post.
Após uma hora e meia era chegado o momento, admito que sentí uma certa tensão no ar quando o Diego iniciou o serviço, a expectativa já era enorme a essa altura. Poucos segundos depois o vinho estava na minha taça, surpreendía pela forte cor rubí, intensa e viva, demonstrando toda jovialidade desse caldo.
O painel aromático era complexo e intenso. Frutas vermelhas e negras deixando de ser maduras, mais doces ainda, alcançando uma geléia... aromas herbáceos, nuances de menta, especiarias das mais diversas com destaque para a pimenta do reino... e o vinho ainda evoluiu para notas balsâmicas, couro, caramelo e chocolate.
Mas se eu havía achado o vinho vivo em sua cor, o enorme ataque dele na boca me fez questionar sua idade. Um pouco incrédulo notei um conjunto integrado e de persistência duradoura. Encorpado, saboroso! Como uma criança sua acidez se pronunciava demonstrando sua vivacidade. O Almaviva encantava por sua juventude, por sua presença! Inesquecível!
O Diego harmonizou com cordeiro, purê de brócolis e temperos chilenos, ficou muito bom! Mas, com todo respeito ao trabalho do Diego, talvez não importasse, porque o vinho foi um espetáculo a parte e poder dividir as alegrias e os prazeres da vida com os amigos é a melhor harmonização.
Ainda teve um Sauternes, mas essa história fica para outro post...
Forte Abraço!