quinta-feira, 3 de abril de 2014

A Ingrata Tarefa de Guardar Vinhos

Pois é... guardar vinhos não é tudo de bom... tem seus poréns. Mas não quero aqui desestimular ninguém a guardar vinhos, mas sim lembrar que mesmo fazendo tudo certo, as vezes dá tudo errado! 
Quero contar duas experiências que aconteceram comigo no mês e Março. Uma na casa do meu pai e outra comigo mesmo. Em ambas o vinho estragou... mas só o vinho, a festa não!!! 

A primeira como disse foi com meu pai, que tem carinho especial pelos vinhos do Rhône, Toscana e da Scicilia, mais inclinado para os Châteauneuf's, Chiantis e os grandes Neros d'Avola. No começo do mês citado estávamos a mesa para desfrutar de uma bela massa que minha mãe havia feito, já na terceira idade meu pai não está muito naquela de economizar com vinhos, e tem muita bala na adega pra minha alegria. Como é usual quando estou por lá ele pediu que escolhesse um vinho para bebermos. 
Voltei da adega com o L'Insolente Scicilia IGT 2003, um vinho que ele trouxe em 2012 da Itália, aqui no Brasil é importado pela Decanter. Tudo certo, comprado em loja especializada, descansou na horizontal em adega climatizada, etc, etc e tal... Mas vinagrou o danado, claramente oxidado, um desastre mesmo para os iniciantes. Obviamente ficamos frustrados, mais ele do que eu, mas fazer o que? 

A segunda experiência negativa aconteceu comigo, no dia do meu aniversário, quando abri o Châteauneuf que cometei na última terça. Naquele dia levei dois Châteauneuf's para desfrutar com os amigos, um branco e outro tinto. Com o tinto tudo certo, mas com o branco... 
Com o branco aconteceu a palavra mais odiada do mundo do vinho: Bouchonée. Os fungos tinham atacado a rolha e o vinho estava claramente alterado, além dos aromas desagradáveis tinha algo oxidado também, dando a sensação de que a rolha era bem problemática, além dos fungos deixou passar ar... Em certos momentos o Châteauneuf parecia um Tondonia nos aromas, devido as notas oxidadas em outros dói até de lembrar. 
De novo tudo foi feito corretamente, e no segundo dava até para trocar o vinho, afinal quando é bouchonée a loja troca o vinho, mas fazia uns 04 anos que estava na minha adega, esperando o momento, até porque o Châteauneuf branco é um vinho de guarda, Hugh Johnson sugere sempre abri-lo após 08 anos de vida... 
E vamos falar a verdade é nesse ponto que a tarefa de guardar vinhos do enófilo fica bem ingrata... vinho que guardamos, normalmente abrimo em momentos escolhidos a dedo, ou seja guardamos vinhos para momentos especiais! Ou seja criamos sempre grande expectativa sobre estes vinhos, eles tem que estar a altura do acontecimento daquela data e quando não estão... trocando em miúdos: a expectativa é a mãe da decepção. 
O que quero com esse post? Desabafar? Um pouco é claro, afinal como descendente de italiano sou bem melodramático, risos... mas o que quero mesmo é praticar o desapego mesmo, guardar vinhos por menos tempo, abri-los logo! Vamos utilizar os Decanters!!! 
Como diz meu amigo Alexandre Frias: "Vinho feliz é vinho aberto!" 
Forte Abraço!

4 comentários:

  1. Pois é Cristiano,

    Também andei tendo algumas experiências traumáticas nesse sentido.
    Da última viagem que fiz, dois vinhos que trouxe estavam ruins. Foram um Agiorgitiko grego de uma região alternativa do Peloponeso, que estava bouchonée e um Riesling libanês de Batroun, que a rolha depois de um tempo vazou e o vinho oxidou. Ambos comprados direto na vinícola e guardados pouco tempo em boas condições.
    É de cortar o coração, pois você viaja para um local que não sabe se terá oportunidade de voltar, sofre para escolher o que vai trazer na mala, arruma tudo direitinho para a garrafa não quebrar, carrega de um lado pro outro e quando vai abrir o vinho está prejudicado...

    Além dessa outro dia também abri um Chateau Musar Branco 2004 completamente oxidado, esse vinho foi minha mãe que trouxe para mim e não sei as condições de armazenamento do local em que ele o comprou, mas eu guardei ele direitinho por quase dois anos...

    Fazer o que? Abrir outra garrafa! É a vida!

    Jorge Alonso

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  2. Jorge,

    É isso, faz parte! Vamos para a próxima gfa!!!

    Abs

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  3. Cristiano, meu caro, bom dia, há quanto tempo, quem vos fala é Elmo de Curitiba, hoje peguei seu post pelo geral dos Enoblogs. O assunto dá pauta pra muito desabafo e fofoca de bastidores, hehe. Contudo, confesso que tenho mais sorte que juízo no caso da guarda. Como em minha adega ainda predominam chilenos e argentinos, por uma questão inegavelmente monetária, tenho feito curiosas experiências com minhas garrafas. Na quarta feira abri o tal Syrah super especial da Matetic (EQ) 2007 (ok,o que são sete anos?), mas com um detalhe: há dois anos fora de climatização, passando pelo verão mais quente da história de Curitiba... e depois da aeração e da libertação dos sulfitos que ainda pareciam perfumar indevidamente o vinho, ele abriu, abriu, e dialogou eloquente e sublime conosco. Esses dias abri um Caliterra Chardonnay Tributo 2006... vinho branco chileno de 8 anos... guardado também sem muito cuidado, e novamente: que inspiração, amarelo ouro velho, aromas pra lá de sedutores... em suma, na minha experiência, lhe sugiro um tópico: guarda de vinhos média alta gama do Cone Sul. Nem lhe falo de um Trapiche Medalla 2005 que abrimos no ano passado.. 8 anos nas costas e perfeito, um CS com mais classe que o duque de Edimburgo. Até hoje, de todos os vinhos que abri, tive um azar de bouchonne, e só. Talvez minha cota de azar ainda virá, mas por enquanto, acredito mais mesmo é na tal curva do ápice, e não tanto nesse medo geral que as pessoas tem de guardar os vinhos, por vezes os tratando com delicadeza demais.Pra mim por enquanto é um pouco mítico essa beijocação e carinho excessivo com as garrafas, e acho que a desilusão fica mesmo garantida por um vinho que já estava ruim ao comprar, não descartando problemas de armazenamento e guarda. Ainda acho que as frustrações acabam relegando à guarda, em percentual maior, o que foi culpa do engarrafamento inicial ou talvez até mesmo apenas do tal índice de 1 em 10 garrafas que vai estar ruim. Mas no fim, quem somos nós? Os filhos da tradição, quando Bordeaux fazia vinhos de lixar a língua e a guarda era questão prática pra não fazer tanta careta ao beber o primeiro gole... hehe. Besteiras quaisquer à parte, hoje, com toda essa microoxigenação rolandiana, com fermentação geladinha do mosto, e com toda a trucagem disponível, não é tão perigoso escolher entre beber o garanhão indomável ou o afável cavalo adestrado... de qualquer modo, guarde a notinha mesmo dos vinhos que traga do exterior, quem sabe voltar à Itália pra trocar um vinho siciliano não possa ser uma boa desculpa pra se arriscar com mais uma dúzia de garrafas na mala, que, pelo percentual,vai ter uma ao menos estragada... hehe! Grande abraço.

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  4. Gde Elmo!!!

    Quem é vivo sempre aparece!!!

    É verdade!!! Os vinhos do Cone Sul tem me surpreendido tamb;em ali pelos seus 08 anos de idade, lembra daquele Chakana que bebemos juntos, tinha uns 06 anos... Ano passado abrí um Bodega del Fin del Mundo Special Reserve 2004, estava excelente... Apareça mais vezes!!!

    Vamos nos encontrar quando eu for a Curitiba novamente?

    Abs

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